domingo, 22 de setembro de 2013

DIVISÃO TERRITORIAL

  A Bélgica é dividida em duas partes principais: a Valônia, ao sul, cuja língua é o francês, e Flandres, ao norte, onde se fala um holandês com pequenas variações, ou, como é chamado por lá, flamengo (flemish, em inglês). Há também uma pequena parte a leste onde se fala alemão. Bruxelas fica próxima à fronteira línguística, mas dentro de Flandres; oficialmente, porém, a capital é bilíngue. Essa é a raiz da grande divisão existente na Bélgica.
  No início, o lado francês dominava. O francês foi a língua oficial até 1898, quando o holandês foi reconhecido como segunda língua, embora ele só tenha passado a ser ensinado nas escolas 30 anos depois. A Constituição da Bélgica era em francês e assim permaneceu até 1967. O francês ainda é visto como a língua das “classes superiores”. O poderio do lado francês também tinha a ver com as minas de carvão da área, e a região foi uma das primeiras da Europa continental a passar pela revolução industrial, centrada principalmente na cidade de Liège.
  Acontece que o carvão perdeu espaço entre as commodities mais requisitadas, e a Valônia perdeu a dianteira para Flandres, que investiu no porto de Antuérpia — hoje um dos mais movimentados da Europa –, onde também cerca de 70% dos diamantes brutos do mundo são negociados. Antuérpia é também conhecida como um importante centro de design e isso tem trazido muito dinheiro à região. Seguindo o boom, Ghent, também em Flandres, tornou-se a terceira maior cidade da Bélgica. O norte ressente-se hoje de “carregar” economicamente o sul — discurso que, diga-se de passagem, era também usado pela parte francesa quando a Valônia era dominante. Há ressentimentos também, claro, da época em que o holandês não tinha reconhecimento oficial. A questão chegou a tal ponto que, dentro da estrutura burocrática do país, há divisões para um lado e para o outro: há, por exemplo, um Ministério da Educação francês e outro holandês. Tudo isso gera custos, claro, e traz à tona o discurso da divisão do país. O fato é que uma divisão também traz seus problemas, ainda mais num continente em que se busca cada vez mais a integração (é bom lembrar que a Bélgica foi um dos balões de ensaio da União Europeia, formando com a Holanda e o Luxemburgo um dos primeiros blocos do continente, o Benelux). Em caso de separação, a Valônia seria integrada à França e Flandres à Holanda? Pouco provável. Não há indicações de que a França queira essa região, nem existem muitas lembranças boas da época em que a França dominou o país, logo após a Revolução Francesa. Do lado norte, também há certos ressentimentos em relação à Holanda. Em primeiro lugar, muitos holandeses insistem em dizer que o que se fala na Bélgica não é sua língua, trantando o flamengo como uma versão “menor” do holandês. Além do mais, como mencionado acima, a Bélgica pemaneceu católica (e isso inclui Flandres), enquanto o vizinho do norte abraçou o protestantismo.

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